1 de abril de 2013

BR-232 atrai cada vez mais investimentos


NEGÓCIOS Uma das principais rodovias de Pernambuco se tornou uma espécie de fio condutor de grandes empreendimentos, sobretudo na área imobiliária. De Jaboatão a Caruaru, o que se vê são obras

Lara Holanda, do Jornal do Commercio                                              Foto: Michele Souza/JC Imagem


Quem viajou do Recife em direção ao interior do Estado pela BR-232, nesta Páscoa, observa as mudanças que surgem na rodovia, duplicada até a cidade de São Caetano, no Agreste. No caminho, áreas antes ocupadas por canaviais ou fazendas começam a dar espaço a uma nova onda de empreendimentos industriais e imobiliários. Entre Jaboatão dos Guararapes e Caruaru, galpões logísticos, complexos industriais e residenciais começam a mudar o cenário do local. A BR-232 se tornou o fio condutor da interiorização do desenvolvimento econômico pernambucano e transforma as cidades do interior em centros urbanos, inclusive com mazelas comuns a grandes cidades, como crescimento urbano desordenado e problemas de mobilidade.

Através do programa estadual de incentivo fiscal, o Prodepe, que concede até 95% de desconto de ICMS aos empreendimentos instalados fora da Região Metropolitana do Recife (RMR), Pernambuco, entre 2007 e 2012, passou de 79 projetos entre indústrias e centrais de distribuição com investimento total de R$ 1,1 bilhão no interior para 208 projetos no ano passado, com investimento de R$ 17,4 bilhões.

No mesmo período, o número de empregos gerados no interior passou de 4.912 para 65.310, segundo a Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (AD Diper). O adensamento da Região Metropolitana do Recife leva os empreendimentos imobiliários para novas áreas.

Essa expansão chegou a Jaboatão dos Guararapes, às margens da BR-232, com o surgimento de empreendimentos residenciais como o Vila 3 Lagoas Residence, condomínio de lotes da AC Cruz, e o Alphaville Pernambuco 1 e 2. De acordo com o gerente comercial do grupo Alphaville, André Nasi, a oferta de áreas extensas na região e a possibilidade de ligação entre Suape, Goiana e o interior do Estado através da BR-232 foram fatores que atraíram o grupo. A partir de um estudo de viabilidade econômica, André Nasi afirma que a região tende a se desenvolver mais com o desenvolvimento da zona oeste do Recife, com a Cidade da Copa em São Lourenço da Mata. “Já investimos R$ 60 milhões nas etapas 1 e 2, mas a intenção é que esse núcleo cresça como o Alphaville Barueri, que hoje tem mais de 12 etapas.” A primeira fase do bairro planejado terá 540 lotes residenciais, enquanto a segunda vai ter 602 lotes, sendo 41 reservados para uma estrutura de serviços às margens da BR-232.

A cidade de Moreno faz parte do Território Estratégico de Suape – junto com os municípios de Escada, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Jaboatão dos Guararapes. O município atrai empreendimentos como condomínios de galpões que vão comportar desde depósitos de armazenamento de produtos até unidades fabris. Há pelo menos duas grandes áreas sendo terraplenadas ao longo da rodovia que deverão comportar galpões logísticos onde antes havia canaviais. Moreno também atrai residenciais. O sócio da empreiteira R Valois, Ricardo Valois Filho, planeja lançar a segunda etapa do West Country Residence, residencial que está sendo concluído às margens da BR-232. “Moreno tem uma localização privilegiada entre o Recife e os polos industriais que surgem no interior, como Vitória de Santo Antão”, avalia.

O município de Pombos também começou a desenvolver seu polo industrial por conta da BR-232. De acordo com a AD Diper, a cidade vai receber um investimento de R$ 42 milhões numa planta industrial da IDM, um complexo com cinco empresas do setor moveleiro que deve gerar 1.515 empregos diretos.

Com uma extensão de 553 quilômetros, a BR-232 começa no final do viaduto que passa pela BR-101 no Recife e segue até o entroncamento da BR-316, na cidade de Parnamirim, no Sertão. Entre 1999 e 2004, foi duplicada do Recife até São Caetano, passando pelos municípios de Moreno, Vitória de Santo Antão, Pombos, Chã Grande, Gravatá, Sairé, Bezerros e Caruaru.

Expansão traz as mazelas de cidade grande 

Alguns municípios que seguem na rota da BR-232 evidenciam problemas estruturais do crescimento desordenado. Em cidades como Vitória de Santo Antão, hoje sede de multinacional Mondelez (antiga Kraft), e Caruaru, principal município do Agreste, o processo de favelização é tão visível quanto as torres das indústrias que se instalam, com casas irregulares, construídas no entorno da cidade.

Gravatá, com seus condomínios fechados, hoje enfrenta o adensamento de construções no centro da cidade e até trânsito, um dos principais males das grandes cidades. “Não temos uma indústria forte, mas o ecoturismo da região atrai ainda muitos residenciais para a cidade”, avalia a secretária de desenvolvimento de Gravatá, Simone Osias, que reconhece que a cidade precisa rever o plano diretor. “A cidade cresce de forma desordenada, mas ainda é possível disciplinar.”

Nem todas as cidades cortadas pela BR-232 contam com grandes empreendimentos. É o caso de Bezerros, que hoje conta com poucas indústrias e alguns condomínios de lotes. “Bezerros tem um polo moveleiro com indústrias de pequeno porte, comércio. Entretanto, o desenvolvimento da cidade ocorre de forma tímida”, considera Fabiano Carvalho, que atua no setor imobiliário no interior.

Em Encruzilhada de São João, distrito de Bezerros, a empresária Maria do Carmo da Silva, proprietária do restaurante Erivaldo da Carne de Sol, diz que a duplicação da rodovia trouxe mais movimento para a região. Mas também fez cair o movimento no estabelecimento. “Agora para chegar no restaurante, que fica no sentido do interior para o Recife, é preciso fazer um retorno a um quilômetro.” A empresária diz que até 2008 a movimentação mensal do restaurante girava em torno de mil pessoas, enquanto hoje a circulação fica entre 500 e 600. “Por mês, faturamos cerca de R$ 160 mil.”

O secretário de desenvolvimento do Estado, Márcio Stefani, destaca que nem todas as cidades terão o mesmo desenvolvimento econômico, com grandes indústrias.  “Cabe ao Estado prover a estrutura, mas cabe ao setor privado a decisão de investir. O Estado incentiva a vida de empresas com incentivos fiscais, leva o empresário até o município. Mas as cidades também precisam ter um plano diretor adequado, ter atrativos favoráveis à vinda de uma empresa.”


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